domingo, 15 de julho de 2012

Giselle pelo Ballet do Teatro Scala de Milão

 Bom, aqui está a primeira análise do blog. Esta e as próximas podem falar tanto sobre vídeos famosos da dança clássica na Internet, como outros blogs conhecidos e, igual à postagem de hoje, a maneira que tal grupo interpreta tal Ballet, sendo no caso o Ballet do Teatro Scala de Milão e Giselle.
 Assisti dia 12, quinta-feira, no Teatro Municipal de São Paulo. Mais sobre a companhia, o repertório e afins aqui.

 Elenco (neste dia):
 Giselle: Petra Conti
 Príncipe Albrecht: Eris Nezha
 Duque da Curlândia: Giuseppe Conte
 Princesa Bathilde: Serena Colombi
 Mãe de Giselle: Monica Vaglietti
 Hilarion: Alessandro Grillo
 Wilfried: Riccardo Massimi
 O Grande Caçador: Matthew Endicott
 Pas de deux camponês: Antonella Albano, Antonino Sutera
 Myrtha: Alessandra Vassalo
 Duas Willis::Vittoria Valerio, Emanuela Montanari

 Recursos:
 Cenário: Apenas um pano no fundo, rampa e cabanas no Ato I. No Ato II, algo similar, que junto à luz deu um ar de escuridão. Superou-se.
 Linóleo: Assustador. Ele tirou parte de beleza do segundo Ato, que tinha mais saltos, pois destacava o barulho das sapatilhas, com a mistura de sua baixa qualidade e breu. Ridículo. Aposto que grupos profissionais não usam nada parecido com isso.
 Figurino: O vestido da camponesa que fez o Pas de Deux me deixou pirada. Não, não era tão lindo. Bonito, como todos, mas ruim para a dança. Parecia grosso e quando sua perna era alta, fazia curvas na coxa que a deixavam muito gorda.


 Ato I:
 Logo no começo, a encenação do príncepe e Wilfried não me parecem mostrar nada. O que falam eles? Se não soubesse a história, desde o início estaria perdida. Passam a ser claros com o retirar da capa e espada do filho do rei. Logo ele dispensa seu escudeiro e bate na porta de Giselle.
 Faz sua parte na música, com ótima técnica, sorri um pouco, mas não passa segurança. Petra Conti não me fez entrar direito no cenário de Giselle. Seus gestos podem ser grandes, mais belos, por que deixa tudo pela metade? Ao seu enlouquecer de tristeza e morte por amor, mostra-se um pouco melhor, e todos a acompanham.
 Ah, mas como mal pensada foi esta cena... Pouco antes dela, Hilarion e Albrecht disputavam a camponesa: um que entrava no meio dos pombinhos exigido explicação, mais tarde provando a origem do outro. Tão perto isso foi do momento em que Giselle vê seu amado junto de Bathilde, a noiva dele. Os separa da mesma forma, do mesmo modo exigindo as explicações. Parecia-me um festival de "Como assim?".
 Seu enlouquecer poderia ser melhor sim, mas no que lhe era exigido, deu-se bem. Arrepiei-me um tanto em sua tentativa de suicídio.
 Uma coisa que não me agradou neste Ato foi a variação da história. Giselle tem problema no coração, não pode dançar. Isso é bonito: Ela ama a dança, todos a amam dançando, mas é limitada pela sua saúde e a preocupada mãe. Dava para terminar de um jeito muito diferente se alguém focasse nisso. Mas não, falamos aqui de Giselle. Sua morte é associada aos problemas cardíacos. Pronto, matou a beleza.

 Ato II:
 Muito belo. Mas os defeitos começam com o triste príncipe, que chega ao palco vindo com flores em nossa direção, não na do túmulo da amada. Isso destrói qualquer clima. Poderia ele primeiro deixar o buquê e depois utilizar o palco para uma dança triste, com a dor que tem dentro de si.
 Com a chegada das Willis, uma entra sozinha no palco, depois de outras que fizeram o mesmo e deram um pivot. Pois bem, essa de quem falo tropeçou, discretamente, mas tropeçou. Para se fazer um pivot sozinha no palco, a bailarina deve pelo menos estar muito segura, concordem comigo. Decepcionante.
 Problema foi a Myrtha. Ela quem sempre mostra superioridade sobre todas, mais parecia igual à elas, só que com uma tiara florida na cabeça. Não era técnica, mas interpretação. Decepcionante.
 Mas que beleza de corpo de baile. Lindas, juntas, sem um braço diferente uma das outras. Com a Willi Giselle, me fizeram entrar na magia deste repertório. Sim, Petra se superou no segundo Ato. Segura, expressiva, sem erros. Mostrou-se melhor do que Alessandra (intérprete de Myrtha), que no ideal deveria ser muito melhor. No segundo Ato mostrou-se como uma dígna Primeira Bailarina, porém com muito o que aprender em expressão ainda.

 Conclusão e nota:
 Valeu a pena assistir, sem dúvida. Acho que sempre valerá a pena assistir qualquer Ballet, pelos simples fatos de conhecer, comparar e aprender.
 Nota 7,0. Melhorar principalmente a expressão e orientação das cenas.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vaslav Nijinsky


  Considerado um bailarino lendário, nascido dia 28 de dezembro de 1889 em Kiev, na Ucrânia, Nijinsky viveu a dança desde muito cedo, pois era filho de bailarinos poloneses, sendo eles Thomas Nijinsky e Eleonora Bereda, que se apresentavam em teatros e circos. Dançando nas apresentações de seus pais, atuou desde os quatro anos de idade.


  Após o pai ter abandonado a família, mudou-se com sua mãe para São Petersburgo, na Rússia. Com dez anos de idade, iniciou seus estudos de dança na Escola Imperial de Ballet de São Petersburgo. Aos dezoito anos foi o par da bailarina Anna Pavlova. No ano seguinte, em 1909, viajou para Paris com a companhia de ballet de Sergei Diaghilev, na qual obteve reconhecimento internacional.
  Para os críticos, em Nijinsky existia uma técnica extraordinária. Por isso, foi chamado por muitos de “Deus da dança”, “A oitava maravilha do mundo” e “Vestris do Norte”. Nijinsky revolucionou o balé no início do século XX, conciliando sua técnica com um poder de sedução da platéia. Seus saltos desafiavam a lei da gravidade.
  Com coreografias de Fokine, dançou Silfides, Petrushka, Sherazade, Espectro da Rosa entre outros. Como coreógrafo, Nijinsky era considerado ousado e original, tendo ele dado início à dança moderna. Uma de suas coreografias mais polêmicas foi L'Aprés-Midi d'un Faune, com música de Debussy, vaiada em sua estréia, em 1912. Outras muito conhecidas foram A Sagração da Primavera e Till Eulenspiegel.


  O relacionamento com Diaghilev ficou bastante abalado quando Nijinsky se apaixonou pela bailarina Romola de Pulszkie. Com ela se casou em 1913, em Buenos Aires. Por uns tempos, foi afastado do grupo, voltando a fazer parte dele em 1916, nos Estados Unidos.
  Em 1919, aos 29 anos, acometido por distúrbio mental, abandonou os palcos. A esquizofrenia do bailarino caracterizava-se, sobre tudo, pela desordem de pensamento. Seu impressionante diário, escrito nesta época, foi publicado por Romola em 1936. Entretanto, nessa versão, sua esposa eliminou um terço dos textos originais.
  Nijinsky passou por inúmeras clínicas psiquiátricas até completar os 60 anos. Morreu em uma delas em Londres, em 8 de abril de 1950. Somente em 1995 uma edição de seu diário completo foi publicada na França, pela editora Actes Sud, graças ao consentimento da filha de Nijinsky, Tâmara, irmã mais nova de Kyra.

Base: Wikipédia